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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

COMO OS SANGUESSUGAS OPERAVAM

Os ladrões de ambulância
Desmantelada uma quadrilha que roubou
110 milhões de reais destinados à saúde.
Ela incluía parlamentares, para variar

O empresário mato-grossense Darci Vedoin inventou, em 2001, um método para vender ambulâncias superfaturadas a prefeituras
1ª ETAPA – Vedoin identificava prefeitos interessados em comprar ambulâncias. Prometia entregar os carros desde que eles entrassem no esquema
2ª ETAPA – Vedoin identificava parlamentares dispostos a incluir emendas no Orçamento da União para comprar suas ambulâncias. Em troca, prometia-lhes propina
3ª ETAPA – Emendas aprovadas, os parlamentares pressionavam a liberação dos recursos no Ministério da Saúde, onde eram auxiliados por uma assessora do ministro
4ª ETAPA – Vedoin superfaturava as ambulâncias e repartia o lucro com os parlamentares e seus assessores

ABRIL.COM

Quadrilha de autoridades
Cai esquema de assalto às verbas públicas – e
isso deixa Brasília de cabelo em pé

Alexandre Oltramari e Policarpo Junior

Fotos Ed Ferreira/AE, Ailton de Freitas/Ag. O Globo, Dida Sampaio/AE
A operação da Polícia Federal, o empreiteiro Zuleido Veras (à dir.), acusado de liderar a quadrilha, e o senador Renan Calheiros (no alto, à dir.): o suspeito já foi visto despachando na casa do senador



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Nesta reportagem
Quadro: O caminho da fraude
Exclusivo on-linePerguntas e Respostas: Operações da PF

A Operação Navalha, que implodiu uma quadrilha que assaltava verbas públicas, pode ser mais explosiva pelo que ainda esconde do que pelo que já mostrou. No plano visível, a batida policial colocou 46 pessoas na cadeia, entre elas o ex-governador do Maranhão José Reinaldo Tavares, acusado de receber um carro de mais de 100.000 reais de propina, e Ivo Almeida Costa, assessor do ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, suspeito de ter fraudado uma licitação. A operação também revelou que a quadrilha tinha ramificações em quatro ministérios e um órgão federal, atuava em seis estados e várias cidades, incluindo Camaçari, na Bahia, e Sinop, em Mato Grosso, cujos prefeitos também foram presos. Estima-se que a quadrilha, ao fraudar licitações de obras públicas e distribuir propina a servidores e autoridades para azeitar seus negócios ilícitos, tenha desviado pelo menos 100.milhões de reais dos cofres públicos num único ano, mas a quantia final deve ser muito maior do que isso. O líder do esquema, apontado como "chefe dos chefes" no despacho do Superior Tribunal de Justiça que autorizou as prisões, era o empreiteiro Zuleido Soares Veras, 62 anos, dono da empresa Gautama, com sede em Salvador e tentáculos por todo o Nordeste. Grave esse nome: Zuleido Veras.
É a presença de Zuleido Veras na relação dos presos que pode levar a operação policial a revelar ramificações ainda mais cabeludas – o que parece ter colocado em situação de pânico algumas autoridades em Brasília na semana passada. O empreiteiro, há quase duas décadas, dedica-se a aproximar-se de pessoas poderosas em Brasília. Primeiro, fazia seu périplo pela capital como executivo da OAS, empreiteira baiana que virou a soberana das obras públicas no governo de Fernando Collor. Desde 1995, o empreiteiro tem sua própria empresa, a Gautama, que começou fazendo contratos com o setor público que não somavam mais que 30 milhões de reais e hoje atingem a cifra de 1,5 bilhão de reais. Nessa trajetória, Zuleido Veras, paraibano de nascimento e baiano por adoção, tornou-se um ás em contatos com autoridades, servidores públicos e políticos. Suas ligações mais notórias são com o presidente do Senado, Renan Calheiros. Eles se conhecem há trinta anos, mas a relação se intensificou durante o governo Collor. O empreiteiro já foi visto despachando numa sala na residência oficial do presidente do Senado. "Já vi Zuleido mais de uma vez na casa de Renan", disse a VEJA um ministro. O que ele fazia por lá? O senador admite que é amigo do empreiteiro e diz que ele não freqüenta sua casa, mas "talvez já tenha ido uma ou outra vez". Talvez.

Dida Sampaio/AE
Adauto Cruz/CB
O senador José Sarney (à esq.), que não quis falar da operação policial, e o detido Roberto Figueiredo, presidente do banco de Brasília

No fim de 2005, Renan Calheiros liderou a tropa de choque que pressionou o presidente Lula a liberar 70 milhões de reais para as obras do sistema de abastecimento de água em Alagoas. As obras, crivadas de irregularidades, não podiam receber dinheiro, mas a pressão de Renan fez o governo editar uma MP liberando os recursos. As obras estão sendo feitas pela Gautama. O senador nega que tenha se empenhado no caso para ajudar a empreiteira e diz que o fez porque as obras beneficiam seu estado, Alagoas. Pode ter sido uma feliz coincidência, mas o caso de Rosevaldo Pereira Melo, também preso na semana passada, parece ser mais do que isso. Rosevaldo Melo é lobista da Gautama e é suspeito de pagar propinas em troca de obras para a empresa, em especial no Ministério da Integração Nacional. Conseguiu qualificar a Gautama para participar da licitação da transposição do Rio São Francisco, a obra mais cara do atual governo. Antes de virar lobista da Gautama, Melo trabalhava como secretário de Infra-Estrutura Hídrica do próprio Ministério da Integração Nacional, onde era tratado como afilhado político de Renan Calheiros. Quem o indicou para o cargo? "Foi o partido", responde o senador. Mas quem do partido? "O partido."
Em suas traficâncias por Brasília, o empreiteiro Zuleido Veras conseguiu uma penca de amizades influentes e aproximou-se da família Sarney, que lhe abriu as portas dos governos do Maranhão, Piauí, Sergipe e Distrito Federal – pois no Distrito Federal até Roberto Figueiredo Guimarães, presidente do BRB, o banco estatal, acabou preso na semana passada. Zuleido e Sarney também são amigos. O ex-presidente não quis comentar a Operação Navalha, mas seu interesse pelo assunto é grande. Cancelou uma viagem que faria ao exterior e, quando aconteceram as primeiras prisões, na manhã de quinta-feira, despachou um de seus assessores para ir à Polícia Federal obter informações. O assessor, o delegado aposentado Edmo Salvatori, no entanto, não conseguiu sequer chegar ao gabinete do delegado responsável pelas investigações. Os aliados do ex-presidente dizem que seu interesse pela operação se deve à prisão de seu rival político, José Reinaldo Tavares, e à suspeita de que outro rival, o governador do Maranhão, Jackson Lago, recebeu propina de 240.000 reais para liberar 2,9 milhões em atrasados para a Gautama. Mas à satisfação pela desgraça dos adversários seguiu-se a apreensão pela prisão de Ivo Almeida Costa, o assessor do ministro que vem a ser afilhado político de Sarney.

André Dusek/AE
Jaques Wagner, governador da Bahia: passeio de lancha

O "chefe dos chefes" da quadrilha é um homem suprapartidário. Fez contribuições eleitorais para candidatos do PT, PMDB, PDT, PSDB e do antigo PL, mas seu interesse maior é sempre pelos inquilinos atuais do poder. No dia 25 de novembro do ano passado, emprestou sua lancha, batizada de Clara, um espetáculo de 1,5 milhão de dólares com 52 pés e três suítes, ao governador da Bahia, Jaques Wagner, para ele passear pelas águas da Baía de Todos os Santos com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff – que, por coincidência, e não existe nada que vá além da mera coincidência mesmo, é a coordenadora do PAC, o programa sobre o qual os quadrilheiros pretendiam avançar, conforme mostra a investigação da PF. A ministra Dilma Rousseff diz que não conhece o empreiteiro e, no passeio pela Baía de Todos os Santos, soube apenas que a lancha fora alugada por um assessor do governador baiano. Jaques Wagner não quis falar do assunto. Nem da lancha, nem da prisão do prefeito de Camaçari, o petista Luiz Caetano, seu amigo e, dizem as más-línguas, seu caixa informal de campanha.

REVISTA VEJA

REVISTA VEJA


Foto Gabriel Lordello

REVISTA VEJA

Há três anos, VEJA trouxe a público um vídeo que exibia o pagamento de propina de um empresário a Maurício Marinho, funcionário dos Correios e soldado do PTB.

 A cena de Marinho embolsando um bolinho de 3 mil reais imortalizou-se como símbolo maior do escândalo do mensalão – e também como epítome lapidar do estágio avançado que o câncer da corrupção atingira no Brasil. Na semana passada, VEJA teve acesso a seis vídeos cujo enredo se assemelha ao da célebre fita dos Correios: um corrupto recebendo dinheiro para beneficiar empresários com contratos no governo. As fitas são estreladas pelo prefeito de Juiz de fora, Carlos Alberto Bejani, do mesmo PTB de Marinho. Nelas, Bejani aparece acertando negociatas com empresários, combinando propinas e recebendo dinheiro, muito dinheiro – em maços, em pacotes, em sacolas, em malas... Assim como o vídeo de Marinho, os DVDs apreendidos agora trazem conversas comprometedoras, envolvendo personagens famosos. Num deles, Bejani aponta a participação do ex-ministro José Dirceu no esquema de desvio de dinheiro.

As fitas estavam escondidas na própria casa de Bejani e foram encontradas quando a PF deflagrou a Operação Pasárgada, há dois meses. A polícia prendeu Bejani e outras cinqüenta pessoas acusadas de participar de uma quadrilha que desviava recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) – dinheiro que a União repassa às prefeituras para investimentos. Dias depois, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região mandou soltar todos os presos. Com a descoberta da videoteca da corrupção, a PF conseguiu devolver os mesmos personagens à cadeia na última quinta-feira – inclusive Bejani e os empresários que o haviam subornado. Nos diálogos, o prefeito mostra que tem o DNA do PTB. Ele sempre quer mais. Numa das conversas, os empresários oferecem 120 000 reais por mês para que Bejani assegure um aumento na tarifa dos ônibus de Juiz de Fora. Ele se ofende com a proposta: "O primeiro aumento é todo meu! Não vou fechar nada disso! Não vou!".

Bejani: suposta reunião com Dirceu e comissão de 7 milhões de reais

A conversa na qual Dirceu é citado foi filmada em 10 de maio de 2006. Disse Bejani: "Eu tenho uma reunião com José Dirceu às 3 horas em Belo Horizonte. Tô liberando 70 milhões". O empresário faz troça: "Nô! Mas que coisa feia, né, sr. Bejani?". Continua o prefeito: "Setenta milhões! Cê sabe quanto que dá isso? Sete milhões de comissão". Logo depois, Bejani conseguiu a liberação do dinheiro junto à Caixa Econômica Federal e ao Ministério das Cidades. A PF investiga se Dirceu agiu em favor da quadrilha, mas, no relatório enviado à Justiça, os policiais não fazem acusação alguma contra o ex-ministro. Dirceu nega participação no esquema e garante que nunca prestou consultoria ao prefeito. Os DVDs do crime constituem uma pequena parte das provas recolhidas pela PF. Segundo as investigações, as ramificações da quadrilha alcançavam até o TRF da 1ª Região, que soltou os acusados. Na semana que vem, os desembargadores vão julgar um recurso impetrado por um dos presos que, se aceito, pode jogar no lixo todas as provas produzidas pela PF, o que inclui os vídeos do prefeito – um tesouro do crime que reafirma o triste diagnóstico de que aparentemente nada consegue conter o câncer da corrupção.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A IDÉIA

Seguinte:com a ajuda de vcs, irei somando o valor da corrupção nos níveis de governo! É preciso citar a fonte pra que esse número seja o mais fiel possível,ok?
Começo com os 682 milhões do Ministério dos transportes anunciado em toda a mídia nacional, então:


R$ 682.000.000,00